sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ajuda da Cruz Vermelha a cidades da serra do RJ foi desviada, diz auditoria

carro pendurado em nova friburgo (Foto: Marcos de Paula/Agência Estado)
Estrago provocado pela chuva em Nova Friburgo, em 2011 (Foto: Marcos de Paula/Agência Estado)


A Cruz Vermelha brasileira desviou dinheiro arrecadado para campanhas humanitárias, de acordo com uma uma auditoria encomendada pela Federação Internacional das Sociedades do próprio órgão, com sede em Genebra, Suíça. De acordo com uma reportagem publicada nesta sexta-feira (25) no jornal "Folha de S.Paulo", o dinheiro seria usado com as vítimas da chuva na Região Serrana do Rio de Janeiro, do terremoto no Japão, da fome da Somália, e em campanhas contra a dengue em todo o Brasil.
Em entrevista à GloboNews, o secretário geral nacional da Cruz Vermelha brasileira, o coronel Paulo Roberto Costa e Silva, informou que o total desviado foi de aproximadamente R$ 17 milhões. O dinheiro teria ido parar na conta de uma ONG no Maranhão, o Instituto Interamericano de Desenvolvimento Humano – conhecido como Humanos. A organização era presidida pela mãe do ex-vice-presidente da Cruz Vermelha no Brasil, Anderson Marcelo Choucino.
"Nós temos constatações pela auditoria que em torno de R$ 17 milhões saíram de doações e não chegaram ao seu destino”, explicou o coronel (veja na reportagem acima).
De acordo com o secretário, o relatório, que demorou um ano para ser concluído, será levado nesta sexta-feira (25) às autoridades brasileiras. “Tão logo que tomamos conhecimento da denúncia que ocorreu em meados de 2012, nós solicitamos uma auditoria internacional independente em toda a Cruz Vermelha brasileira. A auditoria se desenvolveu durante todo o ano de 2013. As denúncias apresentadas pela mídia naquela oportunidade foram quase todas confirmadas por esta auditoria”, explicou.
De acordo com Paulo Roberto, já houve uma representação preliminar do desvio. ‘Agora, substanciados com o resultado da auditoria, nós vamos à procuradoria da Justiça, vamos tomar medidas judiciais e policiais cabíveis”, afirmou o coronel, informando ainda que o Ministério Público estava investigando a questão há mais de um ano.
“O que a gente está pedindo é que este dinheiro que saiu da Cruz Vermelha e foi para este instituto, ou ele seja devolvido, ou que seja prestado contas para onde foi, porque não chegou ao seu destino”, afirmou o secretário.
Risco de suspensão de atividades
Pedro Paulo afirmou que o comitê pode desde advertir ou até recomendar a suspensão das atividades da Cruz Vermelha em território brasileiro.

“Sem dúvida seria muito traumático para todos nós”, disse, informando que todas as pessoas envolvidas no desvio foram afastadas. "Nós fazemos parte de um movimento humanitário de ajuda humanitária internacional que hoje reúne 189 nações em todo o mundo. Essa marca é muito forte e uma imagem que arranha a credibilidade do movimento nos atinge diretamente. Nós estamos sendo acompanhados de perto pelo Comitê de Mediação e Comprimento, que é um órgão da Federação Internacional encarregado de verificar os procedimentos e as condutas da Cruz Vermelha.”
O dinheiro desviado seria usado para ajudar vítimas de tragédias de 2011. A chuva na Região Serrana do Rio, em janeiro, provocou a morte de quase mil pessoas em sete municípios afetados, e é considerada o maior desastre climática da história país. Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis foram as áreas mais atingidas com deslizamentos de terra e inundações.
De acordo com especialistas, houve falta de controle e planejamento no crescimento das cidades. Segundo dados das prefeituras e da Defesa Civil na época, Teresópolis teve 9 mil desalojados e 6 mil desabrigados; Petrópolis (incluindo Itaipava) somou 6 mil desalojados e 191 desabrigados; e Nova Friburgo contabilizou 3 mil desalojados e 2 mil desabrigados.
Em março, o Japão foi atingido pelo mais forte terremoto da sua história. O desastre deixou 19 mil vítimas. No mesmo ano, uma seca atípica no chifre da África provocou uma crise alimentar na região.
Mulher é vista cuidado de filhos desnutridos em Dadaab. Pessoas doentes não precisam jejuar durante o Ramadã, mas a maioria dos acampados que sofrem com a fome na Somália parece determinada a manter as tradições (Foto: Omar Faruk/Reuters)Mulher cuidando de filhos desnutridos em Dadaab, na Somália, em 2011 (Foto: Omar Faruk/Reuters)

Fonte:G1

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