terça-feira, 24 de dezembro de 2013

-Moradores do Bairro Santa Cecilia, no Alto, 

convivem com acúmulo de lixo em plena 

PRAÇA.




VIOLÊNCIA ATINGE PICO NO ESTADO DO RIO EM 2013


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O número de baleados atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado do Rio de Janeiro cresceu 27% nos dez primeiros meses de 2013, na comparação com o mesmo período de 2012. Segundo dados do Ministério da Saúde, de janeiro a outubro de 2013, foram feitas 1.131 internações de pessoas baleadas no estado, 242 a mais do que no mesmo período de 2012 (889 internações).

Esse é o número mais alto desde 2007, primeiro ano do governo de Sérgio Cabral, quando foram feitas 1.465 internações entre janeiro e outubro. De 2008 a 2012, as internações oscilaram entre 757 (em 2008) e 933 (em 2010).
O aumento da procura por hospitais devido a ferimentos causados por armas de fogo é apenas um dos indicadores que ilustram o crescimento da violência no estado do Rio neste ano. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), o estado voltou a registrar aumento do número de homicídios em 2013, depois de três anos de queda nos assassinatos.
De janeiro a setembro de 2013, ocorreram 3.501 assassinatos no estado, 454 a mais do que no mesmo período de 2012, ou seja, um aumento de 15%. O crescimento de 2013 reverte a tendência, observada desde 2010, de queda nos registros de homicídios do ISP, que é o órgão estatístico oficial, subordinado à Secretaria Estadual de Segurança.
O resultado também praticamente anula os avanços obtidos nos anos de 2011 (com 3.277 homicídios registrados de janeiro a setembro) e 2012 (com 3.047 assassinatos no mesmo período), já que o Rio de Janeiro voltou a ter um nível de violência próximo ao observado em 2010, que registrou 3.580 homicídios nos nove primeiros meses do ano.
A tendência de aumento da violência nos últimos meses no Rio de Janeiro também pode ser observada nos dados mensais do ISP. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, os homicídios estão em alta há sete meses consecutivos, portanto desde março deste ano.
Também houve aumentos expressivos, de janeiro a setembro de 2013 (na comparação com o mesmo período de 2012), de tentativas de homicídio (7%), roubos a estabelecimentos comerciais (29%), assaltos a residências (9%), roubos de carros (19%), assaltos a transeuntes (17%) e os roubos nos ônibus (21%).
O pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), João Trajano, diz que foi surpreendido com o aumento da criminalidade no estado. “Eu esperava que os indicadores continuassem a melhorar. Fico um pouco surpreso e decepcionado. Talvez o que isso esteja acenando é que os esforços do governo estadual têm sido tímidos”, disse.
Trajano diz ainda que é preciso fazer levar as unidades de Polícia Pacificadora (UPP), muito concentradas nas zonas sul, norte e centro, para outras áreas violentas do estado, como a zona oeste e a Baixada Fluminense. Dos 454 casos de assassinatos extras de 2013, a Baixada responde por 287 (ou seja 63% do total). Ainda segundo ele, também é preciso fazer ajustes na política de UPPs, que tem apresentado problemas em algumas comunidades.
Em diversas favelas, como a Rocinha, na zona sul, o complexo do Fallet/Fogueteiro, na região central, e o Complexo do Alemão, na zona norte, criminosos continuam mantendo o controle territorial de determinados pontos das favelas, o que gera tiroteios entre policiais e bandidos.
“Também talvez tenhamos que reconhecer que o governo, que criou a UPP e ganhou politicamente com isso, ficou apenas nisso. Acho que é preciso fazer um balanço e dizer: 'olha, isso é pouco para colocar o estado em patamares minimamente aceitáveis de homicídios e outros crimes'. É necessário adicionar outras iniciativas, associá-las às UPPs”, acrescenta.
Entre os crimes violentos, apenas os sequestros, roubos de cargas, agressões e estupros caíram no período. A polícia fluminense também matou menos: foram 304 casos de janeiro a setembro de 2013, ante 324 nos nove primeiros meses de 2012.
Em nota, a Secretaria de Segurança informou que espera reduzir os índices de criminalidade com medidas como a inauguração, a partir de janeiro de 2014, de dez companhias destacadas da Polícia Militar em comunidades da Baixada, de Niterói e das zonas norte e sul do Rio. Essas companhias terão 600 policiais.
Ainda de acordo com a secretaria, a Polícia Civil formou mais de mil inspetores e 135 delegados que trabalharão nas delegacias de Homicídios da Baixada Fluminense e de Niterói e em delegacias distritais. A secretaria não fez, no entanto, uma avaliação sobre os motivos do aumento da violência.

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

LIXO RETIRADO DE RIOS AUMENTA 45% NA CAPITAL

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Rio de Janeiro - A quantidade de lixo retirada de 24 rios e canais da capital aumentou 6 mil de metros cúbicos (m3) em 2013, informa estudo da Secretaria Municipal do Meio Ambiente sobre o trabalho do Programa Guardiões dos Rios. O crescimento equivale a cerca de 45% de um ano para outro.
Do Rio Papa Couve, que faz parte da Bacia de Guanabara, foram retirados 2.709 m3 de lixo, 124% a mais do que no ano passado.
Ainda na Bacia de Guanabara, o Rio Jacaré teve aumento de 181% no número de resíduos, com 592 m3 de lixo retirados em 2013, seguido pelo Tubiacanga, com 81% a mais, elevando seu total para 926 m3 de resíduos retirados. Como um todo, a bacia cresceu de 6,3 mil m3 para 9,3 mil m3, uma alta de 48% no volume de resíduos.
Na Bacia Oceânica, majoritariamente da zona oeste, foi registrado um aumento ainda maior, de 71%, com 9,03 mil m3 de resíduos recolhidos em 2013. Nessa bacia está o Rio das Pedras, que teve o maior crescimento no volume de lixo: 303%, com salto de 116,62 m3 recolhidos para 469,88 m3. O Canal das Taxas subiu 257,16% e se tornou campeão da bacia, com o maior aumento absoluto de lixo: de 710 para 2,5 mil m3.
Somente cinco dos 22 rios e canais nas duas bacias registraram queda no volume de lixo recolhido, mas nenhuma acima de 20%. A terceira bacia da capital fluminense, a de Sepetiba, teve redução nos dois rios que fazem parte do programa. No Rio Guarajuba, o volume de lixo recolhido caiu 49%, e, no Piraquê, a queda foi de 38%.
O Programa Guardião dos Rios usa mão de obra de comunidades do entorno dos rios, pessoas capacitadas e empregadas no projeto. De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, não houve modificações no número de pessoas envolvidas no recolhimento do lixo.

Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil

Denúncia liga deputado à corrupção no Detran

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A teia do crime. A Justiça do Rio de Janeiro tem em mãos evidências do gerenciamento político de um dos maiores esquemas de corrupção descobertos no Detran. Gravações telefônicas e depoimentos à 1ª Vara Criminal de Santa Cruz ligam o deputado estadual Coronel Jairo (PMDB) à quadrilha que movimentava R$ 2 milhões por mês na legalização de carros irregulares. O grupo tinha 181 pessoas — funcionários do departamento de trânsito, despachantes e policiais.
Presa na Operação Cruzamento, há dois meses, uma ex-funcionária, com 13 anos de serviço no Posto do Detran de Campo Grande, contou à juíza Regina Célia Moraes de Freitas como a quadrilha agia e qual era o papel de cada um no esquema. O grupo, segundo a testemunha, foi indicado pelo deputado Coronel Jairo — chamado de “o dono do Detran de Campo Grande” — para trabalhar na empresa Facility — responsável pelo recrutamento dos funcionários tercerizados do posto.
Entre os 22 empregados do Detran de Campo Grande que, segundo a testemunha, “indicados” pelo deputado, quatro são parentes de Hélio Oliveira, genro do parlamentar: os irmãos Sandro e Alexandre Afonso, a cunhada Glauciele Paes e o “compadre” Fagner Gomes.
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 O quarteto era encarregado por cobrar as propinas. Sandro e Fagner coordenavam os turnos da manhã e da tarde e exigiam diária de R$ 50 de cada vistoriador. A caixinha era uma espécie de pedágio para trabalhar nos guichês onde passavam táxis, vans e carros alugados — classificados como os mais fáceis de ter irregularidades e candidatos a pagar boas propinas pela vista grossa. Os funcionários que se recusavam a arrecadar dinheiro — para não atrapalhar a quadrilha — iam para guichês de emplacamento, com baixa possibilidade de irregularidade.
O esquema era suprevisionado pelo chefe do posto, Flávio Tomelin, outra indicação do Coronel Jairo. De acordo com a testemunha, o deputado passou a “controlar” o Detran de Campo Grande em 2008, após a prisão dos irmãos Jerominho e Natalino Guimarães, por ligações com a milícia.
Propina usada em campanha
Parte do dinheiro arrecadado com as propinas era destinada à campanha política. Em depoimento na 1ª Vara Criminal de Santa Cruz, a ex-funcionária do Detran garante que é comum em todos os postos do Detran do Rio recolher dinheiro para ajudar políticos encarregados da nomeação. Sustentou, inclusive, que em 2012 a candidatura do vereador Jairinho (filho do Coronel Jairo) recebeu ajuda financeira e apoio logístico dos envolvidos no esquema.
A testemunha descreve as reuniões organizadas às vésperas da eleição pelo diretor do posto, Flávio Tomelin, para, segundo ela, obrigar os funcionários a conseguir votos de parentes e amigos para o candidato Jairinho. Sem contar a entrega de fichas com dados pessoais e idas a comitês de campanha de Jairinho em Campo Grande e Bangu. O elo entre o deputado e Jairinho com o posto do Detran era feito por Hélio Oliveira. Segundo a testemunha, era ele quem comandava os comitês eleitorais.