segunda-feira, 3 de março de 2014

A festa dos vereadores do Rio no reino dos bicheiros

Só cinco dos 51 legisladores recusaram convites para o camarote oferecido pela Liesa, administrada pelos barões da contravenção na cidade

Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
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Desfile da Escola de Samba Beija Flor pelo Grupo Especial, no Sambódromo Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro (RJ), na madrugada desta segunda-feira (03)
Desfile da Escola de Samba Beija Flor pelo Grupo Especial, no Sambódromo Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro (RJ), na madrugada desta segunda-feira (03) - Gabriela Batista

















A Câmara Municipal do Rio de Janeiro foi apelidada de "Gaiola de Ouro", pelos gastos excessivos com a construção do Palácio Pedro Ernesto, inaugurado em 1923. Os tempos mudaram, mas a atração pela mordomia e pelas benesses se mantêm. Apenas cinco, dos 51 legisladores da Casa, devolveram convites que receberam para o camarote da Câmara na Marquês de Sapucaí neste Carnaval. O espaço do convescote foi cortesia da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), a organizadora dos desfiles que é administrada por bicheiros.
Os ingressos do camarote foram devolvidos pelos vereadores Teresa Bergher (PSDB), Carlos Bolsonaro (PP), Paulo Pinheiro, Eliomar Coelho e Renato Cinco, estes três últimos do PSOL. Pinheiro esclareceu que a decisão do partido atendeu a uma recomendação do Ministério Público do estado do Rio de Janeiro, de recusar os camarotes. A promotoria entende que há conflito de interesses no fato de representantes do Legislativo se esbaldarem em convescotes no Sambódromo, apesar de terem a missão constitucional de fiscalizar os gastos e atos da Prefeitura do Rio. Por isso recomendou que as excelências recusassem o camarote.
"Minha posição pessoal é de que não devemos utilizar o camarote. Não fica bem para a autoridade pública utilizar qualquer facilidade no Carnaval", disse Pinheiro.
A organização dos desfiles no Sambódromo já foi alvo de atenção especial da Câmara Municipal, quando foi instituída a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Carnaval, presidida pela vereadora Teresa Bergher em 2007. Foi uma tentativa de investigar denúncias apresentadas em investigações da Polícia Federal de que os resultados da premiação de desfiles eram comprados, com suborno de jurados. A manipulação não foi comprovada, mas a CPI recomendou que o desfile deixasse de ser organizado pela Liesa e que a Prefeitura do Rio licitasse a organização. A licitação chegou a ser feita em alguns anos, mas a prefeitura alegou que não houve interessados.

Revista : Veja

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