Depois de atraso de dois anos no cronograma inicial, o Arco Metropolitano vai sair do papel. Pelo menos, é a promessa do secretário estadual de Obras, Hudson Braga, que prevê a conclusão das obras para dezembro deste ano. Os 70,9 quilômetros de rodovia vão ligar Itaguaí, na Baixada Fluminense, a Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, com investimento total de R$ 1,1 bilhão.
No trecho de Seropédica, por enquanto, a obra se resume à retirada da vegetação | Foto: Divulgação
No trecho de Seropédica, por enquanto, a obra se resume à retirada da vegetação | Foto: Divulgação
A remoção de 62 sítios arqueológicos, as 1.710 desapropriações e até a descoberta de uma espécie rara de perereca em extinção foram entraves apontados pelo governo do estado para o atraso no cronograma. Para resolver o drama das pererecas, foi preciso a construção de um viaduto, que não estava previsto no cronograma inicia.
De acordo com Hudson Braga, o Arco Metropolitano foi, inicialmente, licitado em R$ 965 milhões, mas subiu para R$ 1,1 bilhão devido à necessidade de obras complementares, orçadas em R$ 211 milhões: um viaduto, com duas alças, de ida e volta, sobre o lago das pererecas, e mais quatro viadutos, com duas alças cada um, sobre dutos da Petrobras.
O secretário acrescenta que o problema de desapropriação de residência está quase todo resolvido. Ele explica que, das 1.700 desapropriações previstas, 90% já foram feitas, e as famílias estão sendo indenizadas.
Ele prevê que o Arco Metropolitano vai promover a transformação do Estado do Rio de Janeiro em plataforma logística da Região Sudeste. “O eixo rodoviário será fundamental para desafogar o tráfego na Região Metropolitana, facilitar o acesso ao Porto de Itaguaí, além de reduzir o tempo de movimentação de produtos pelo estado”, explica Hudson.
De acordo com o secretário, com a inauguração do Arco, o custo do transporte de produtos no estado poderá ser reduzido em até 20%. O governo do estado não prevê a instalação de praças de pedágio.
Iniciadas em 2008, as obras do Arco Metropolitano estavam previstas para ser concluídas em dezembro de 2010. A construção é uma parceria dos governos estadual e federal. A ligação com o Porto de Itaguaí e a duplicação da BR-493 (Magé-Manilha), até o entroncamento com a BR-101, em Itaboraí, foram incluídas na segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2).
Previsão é de 100 mil vagas
O secretário Hudson Braga prevê que, com a inauguração do Arco Metropolitano, sejam gerados 100 mil empregos. Segundo ele, todas as cidades cortadas pelo Arco serão beneficiadas. “Gigantes, como Petrobras, CSN e Gerdau estão construindo terminais portuários em Itaguaí, já contando com as vantagens que o Arco deverá trazer quando estiver concluído”, diz Hudson Braga.
Ele estima em mais de R$ 2,5 bilhões os investimentos. Em Queimados, 21 empresas estão em funcionamento e outras estão em fase de instalação, como a RHI (fábrica de refratários), que investirá R$ 300 milhões, e a Deca, com R$ 120 milhões. Em Seropédica, a Procter & Gamble colocará R$ 100 milhões. Já a Petrobras vai investir R$ 900 milhões, e a Coquepar, R$ 1,2 bilhão.
O trabalho está sendo acelerado para que seja cumprido o novo prazo e terminado tudo até dezembro | Foto: Divulgação
O trabalho está sendo acelerado para que seja cumprido o novo prazo e terminado tudo até dezembro | Foto: Divulgação
Negócios de R$ 25 bilhões ao longo da via
De acordo com o estudo Decisão Rio, elaborado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), são 14 os investimentos anunciados para o entorno do Arco Metropolitano, sendo oito em implantação e seis de ampliação ou modernização de plantas já existentes.
O total de investimentos é de R$ 25,9 bilhões, sendo R$ 6,7 bilhões previstos para o período de 2012 a 2014. Só o Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj) tem investimento previsto inicialmente de R$ 23 bilhões.
Em Nova Iguaçu, uma nova fábrica da Niely Cosméticos terá investimento de R$ 50 milhões. Em Duque de Caxias, a BR Distribuidora vai investir R$ 173 milhões para aumentar a capacidade de produção de sua linha de lubrificantes.
Já a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) vai injetar R$ 2 bilhões em nova caldeira para gerar mais vapor. Em Queimados, a Tintas Águia vai investir R$ 10 milhões para duplicar sua capacidade de produção.
Otimista, Alexandre Cardoso espera que arrecadação de Caxias cresça 20%
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Foto: Estefan Radovicz 
Uma das cidades mais beneficiadas com a construção do Arco Metropolitano será Duque de Caxias. O prefeito Alexandre Cardoso estima que, dentro de cinco anos, o município poderá aumentar em mais de 20% sua arrecadação de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).
Ele não crê que o atraso nas obras tenha causado prejuízo para empresas que estão se instalando nas áreas em torno do Arco. “São investimentos gigantescos, que vão acontecendo à medida que as obras vão sendo realizadas”, justifica.
O prefeito de Caxias afirma que a obra será essencial para o crescimento do segmento de cargas e trará grande agilidade para o setor de logística. “Teremos uma grande transformação, sobretudo em áreas que hoje não são desenvolvidas, como Capivari, em Caxias. Com o Arco Rodoviário, poderemos chegar ao Aeroporto Tom Jobim em menos de 15 minutos”, explica Alexandre Cardoso.
Além da Rodovia Washington Luís, em Duque de Caxias, o Arco vai conectar as rodovias Rio-Santos, Rodovia Presidente Dutra, Rio-Teresópolis e BR-101.
Apoio para garantir infraestrutura
Considerado um sinal do progresso para a Baixada Fluminense, o Arco Metropolitano também pode causar crescimento desordenado nas cidades da região. Para enfrentar o problema, o governo do estado criou um plano diretor estratégico, que está sendo financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O objetivo é apontar soluções, como a indicação de negócios com potencial de crescimento, a ocupação ordenada e os impactos ambientais.
De acordo com Hudson Braga, o estado vai implantar um plano regional de macrodrenagem e apoiar as prefeituras nos programas habitacionais para famílias de baixa renda, além de buscar incentivos financeiros e parcerias público-privadas para construir aterros sanitários.