segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Ministério Público investiga prefeito de Teresópolis

Sítio em Sapucaia tem seis imóveis, mini-zoológico, haras e até pedalinho.

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O Ministério Público do Rio de Janeiro instalou um inquérito civil público para investigar o suposto enriquecimento ilícito do prefeito de Teresópolis, Arlei de Oliveira Rosa. Ele é suspeito de ter uma evolução patrimonial incompatível com a renda dele.
Durante três semanas, a equipe de reportagem apurou a denúncia que é investigada pelo MP. O ponto de partida foi o município de Sapucaia, na divisa do Rio com Minas Gerais. Lá, o prefeito mantém uma propriedade rural com um mini-zoológico particular, com animais exóticos, e um haras, com cavalos de raça que são vendidos em leilões por cerca de R$ 100 mil cada.
No terreno, há ainda um casarão com piscina e cinco casas para hóspedes, além de um lago com deck e pedalinho. A reportagem constatou ainda que estão em curso obras de ampliação e modernização.
Funcionários confirmaram que o local pertence ao prefeito. Um deles contou que Arlei chega na propriedade às sextas e vai embora na manhã de segunda-feira. Um ex-funcionário, que pediu para não ser identificado, afirmou quem era o patrão dele e descreveu o que via lá dentro. “O material é tudo de primeira. É troço de luxo, pra mim é troço de luxo”, disse.
Arlei Rosa, do PMDB, se tornou prefeito de Teresópolis após conturbada crise política. Em 2011, meses depois da tragédia da chuva que deixou quase quatrocentos mortos e milhares de desabrigados, o então prefeito Jorge Mário teve o mandato cassado por desvio de verba destinada a recuperação do município, inclusive, com a contratação de serviços jurídicos terceirizados. O vice-prefeito roberto pinto assumiu o cargo, mas morreu de infarto dois dias depois. Assim, o presidente da Câmara, Arlei Rosa, assumiu a prefeitura.
Nas eleições seguintes, em 2012, Mário Tricano chegou a vencer, mas teve a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral por abuso de poder político e econômico. E quem acabou assumindo a prefeitura foi Arlei Rosa, o segundo colocado no pleito daquele ano.
Depois disso, as histórias do suposto enriquecimento repentino do prefeito de Teresópolis se espalharam pela região e as denúncias chegaram ao ministério público.
Em 2008, quando se candidatou a vereador, arlei rosa declarou a justiça eleitoral que não tinha bens. Quatro anos depois, ao disputar a prefeitura, informou ter bens que somavam mais de meio milhão de reais. A propriedade de Sapucaia, mostrada na reportagem, não estava incluída na relação de bens declaradas por Rosa. No cartório de Sapucaia, não há imóveis registrados no nome de Arlei. Mas, no catálogo de um leilão de cavalos, que aconteceu em agosto do ano passado, o nome do prefeito aparece como proprietário do haras.
Segundo a denúncia recebida pelos promotores, a propriedade de Sapucaia foi comprada por R$ 1,5 milhão, mas com as melhorias, hoje estaria valendo R$ 3,5 milhões. O salário do prefeito Arlei Rosa, no entanto, é de R$ 14,7 mil.
Por três vezes, a reportagem tentou entrevistar o prefeito, mas ele preferiu enviar respostas por e-mail.
Arlei Rosa disse que adversários políticos espalham mentira sobre ele e seu patrimônio. Ele afirmou que o sítio em Sapucaia foi arrendado para o descanso e lazer da família e que o valor do aluguel é compatível com os rendimentos dele.
O prefeito explicou que ao arrendar o imóvel já encontrou algumas suítes construídas que passaram e passam por reformas para que ele possa receber amigos e familiares nos finais de semana.
Afirmou também que por não ser o dono do imóvel, não pode construir nada nele sem conhecimento e autorização do seu proprietário. E que “as benfeitorias estão sendo feitas pelo proprietário, que vai declarar o valor delas na hora oportuna. Ou seja, na declaração de bens dele”, informou
Arlei Rosa não informou quanto paga pelo arrendamento do haras, nem quem é proprietário. Nesta quinta-feira (5), fiscais do Ibama foram até o haras. Segundo os agentes, 15 pássaros nacionais e africanos estão em nome do prefeito, que recebeu uma multa de R$ 5 mil porque não tinha o documento de origem de um papagaio.
Os fiscais do Ibama disseram à reportagem que não conseguiram identificar quem é o proprietário do sítio, mas destacaram que deram cinco dias para o dono apresentar as licenças ambientais das obras.
A equipe de reportagem teve acesso a um orçamento de material de construção que teria sido usado na reforma da propriedade. A nota do orçamento, de mais de R$ 16 mil, está em nome da mulher do prefeito, Alessandra de Fátima Bittencourt da Rosa. Havia também uma nota de entrega de material na mesma propriedade, de mais de oitocentos reais, em nome do prefeito.
A assessoria de Arlei Rosa informou que todos os animais silvestres estão devidamente registrados e que a documentação será apresentada na ocasião certa. Sobre as notas em nome do prefeito e da mulher dele, a assessoria afirmou que os gastos de Arlei no haras são feitos com conhecimento e autorização do proprietário do imóvel. Com relação à criação de cavalos de raça, a assessoria disse que a compra e a venda dos animais serão declaradas na data oportuna.
Fonte:g1

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