sábado, 17 de maio de 2014

Sami Mattar, o gênio autodidata, completa 60 anos de arte


Obras surrealistas do libanês que mora há quase 30 anos em Teresópolis mereceram os elogios do pintor catalão Salvador Dalí

TeRESÓPOLIS - Sami Mattar desenvolveu ao longo dos 60 anos dedicados à arte, uma técnica tamanha que dispensa a assinatura de suas obras. Pintor autodidata, é capaz de imprimir transparência digna de aquarela em óleo sobre tela para suas criações surrealistas. E elas lhe renderam elogios de Salvador Dalí, o expoente mais famoso da escola artística da temática onírica. E pensar que Mattar chegou a dormir na rua para não abdicar de seu dom.
- Eu sou libanês e filho primogênito de libaneses. Meu pai não admitia que eu fosse artista. Tinha que ser doutor ou comerciante, como ele, um grande atacadista de seda. No colégio interno, ele me proibiu de assistir às aulas de desenho - conta Sami, hoje aos 84 anos.
A revolta com a praga rogada pelo pai - “Você não vai comer pão com sua arte” - provocou a fuga. Amarrou colchas, inspirado nas escapadas cinematográficas, para deixar o internato em Sete Lagoas (MG). Pegou um trem rumo ao Rio de Janeiro, onde, pouco tempo depois, arranjou emprego como desenhista. Mas o dinheiro curto o fez, por meses, dormir no Aterro do Flamengo. Coincidência ou não, a vida seguiu a arte, pois, com a mesma inspiração que colore seus quadros, Sami parece ter guardado a vaga do Museu de Arte Moderna no Parque: ele foi construído exatamente no ponto onde o pintor dormia.
O lar, de fato, só surgiu, em 1949, após irromper a porta do diretor da revista “Vida Doméstica”, o árabe Antônio Haddad. De lá para cá, seu talento estampou revistas como “Tico-tico”, “Fatos”, “Manchete”, “Veja”, “Design Journal” e “Latin Finance Magazine”. Também foi publicitário, antes de se mudar para Teresópolis atrás da vista dos seus sonhos. Literalmente:
- Sonhei com uma árvore e fui atrás dela. Um mês depois, a encontrei e comprei a casa.
Ali conheceu a atual esposa, Silvia, com quem é casado há 37 anos, e fundou a Sociedade dos Artista de Teresópolis (Soarte). Os 31 anos de existência do grupo serão comemorados no dia 23, na Casa de Cultura Adolpho Bloch, com exposição de 15 telas, uma delas de Sami Mattar. Sobre a vivacidade que conserva e o faz produzir até hoje pelo menos três quadros por ano, ele é enfático.
- Quando a gente faz o que gosta, não envelhece - afirma, acrescentando orgulha-se de não haver prêmio que não tenha conquistado.


Fonte:Globo.com

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