sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Estudo da Fiocruz aponta 42 cidades do estado mais vulneráveis aos eventos meteorológicos

Renata Ribeiro, ao lado da encosta que desabou em 2010, no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa
Renata Ribeiro, ao lado da encosta que desa

Renata Ribeiro, de 36 anos, lembra-se, como se fosse ontem, da terça-feira, 6 de abril de 2010, quando uma encosta do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, desabou, matando 34 pessoas. Os olhos percorrem a ribanceira, hoje já com alguma vegetação, e o terror daquela manhã fica estampado em seu rosto. A recepcionista conhece na prática o que é a tal vulnerabilidade ambiental, tema de um estudo divulgado nesta quinta-feira pela Fiocruz. A pesquisa revela que 42 municípios do estado apresentam índice de vulnerabilidade acima de 0,50, que é a média estadual.
Encosta do Morro dos Prazeres desabou em 2010, matando 34 pessoas
Encosta do Morro dos Prazeres desabou em 2010, matando 34 pessoas Foto: Marco Antônio Cavalcanti / 08.04.2010 / O Globo
Essa taxa, que analisa fatores sociais, ambientais e de saúde, classifica as cidades quanto ao grau de atenção que terá que ser dado frente às mudanças climáticas previstas para os próximos 30 anos. Para o cenário mais pessimista, ou seja, com maiores emissões de gases do efeito estufa, os municípios da Região Metropolitana e o seu entorno foram identificados como os mais suscetíveis a sofrerem os impactos do clima.
— Em relação aos demais municípios do estado, a população do Rio está entre as mais vulneráveis. Isso acontece em face aos índices de saúde e do ambiente. A cidade de Niterói apresenta o menor índice de vulnerabilidade social. No entanto, o índice geral é elevado em face a maior vulnerabilidade da saúde e do ambiente — explica a coordenadora do projeto e pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Martha Barata.
Segundo ela, dados mostram que vem aumentando a ocorrência de catástrofes naturais, como chuvas intensas que resultam em inundações e desabamentos, além de problemas de saúde, como o avanço da dengue e da leptospirose, bem como o número de mortes relacionadas a esses eventos extremos.
Aumenta a ocupação nas encostas
O paisagista Luís Sérgio da Silva mora num prédio construído sobre uma pedra, na encosta do Morro dos Prazeres: “É seguro”
O paisagista Luís Sérgio da Silva mora num prédio construído sobre uma pedra, na encosta do Morro dos Prazeres: “É seguro” Foto: Paulo Nicolella / Extra
O paisagista Luís Sérgio da Silva, de 56 anos, e outras 19 pessoas moram num prédio construído nos anos 30 sobre uma pedra, na encosta do Morro dos Prazeres. Sob a sua varanda, a ribanceira. Ele, que ajudou a resgatar vítimas do desabamento que aconteceu ali em 2010, diz que o medo passou:
— Naquele dia, dormi perto da porta da rua, para fugir mais rápido. Depois, você vai acostumando. O prédio é firme, atestado por um engenheiro.
Prédio construído na Rua Gomes Lopes, numa encosta do Morro dos Prazeres
Prédio construído na Rua Gomes Lopes, numa encosta do Morro dos Prazeres Foto: Paulo Nicolella / Extra
O que se vê ao redor da construção, no entanto, são casas frágeis, seguindo uma tendência observada pelo estudo da Fiocruz: o aumento do número de habitações erguidas nas encostas.
— Isso vem acontecendo muito, principalmente na Região Serrana, elevando o índice de vulnerabilidade em cidades como Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo — ressalta Martha Barata.
Saiba mais sobre o Índice de Vulnerabilidade Geral (IVG)
A composição do Índice de Vulnerabilidade Geral considera setores suscetíveis aos impactos das mudanças climáticas, avaliando aspectos ambientals, sociais e de saúde.
No Índice de Vulnerabilidade de Saúde, foram analisados dados de dengue, leptospirose, leishmaniose tegumentar e mortalidade de crianças menores de 5 anos por diarreia.
No Índice de Vulnerabilidade Social, foram avaliadas educação, estrutura familiar, renda e infraestrutura, para medir a capacidade de resposta frente a catástrofes.
No Índice de Vulnerabilidade Ambiental, foram analisados os setores suscetíveis à mudança do clima, a exemplo da cobertura vegetal e respectiva diversidade biológica, que apresentam relação com a saúde e propiciam serviços ambientais que beneficiam a população, contribuindo para o seu bem-estar e, em última instância, sua saúde.


Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/estudo-da-fiocruz-aponta-42-cidades-do-estado-mais-vulneraveis-aos-eventos-meteorologicos-9438796.html#ixzz2bUx68rHE

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