quinta-feira, 4 de abril de 2013

Fraude no DPVAT leva policiais para prisão no RJ e em Teresópolis



Além dos agentes, também foram pre

sos advogados envolvidos em esquema para recebimento de seguro de carro. Crime começou a ser investigado após denúncia de um delegado de Itaboraí

A Corregedoria Interna da Polícia Civil, em ação conjunta com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro, realizou na quinta-feira uma operação contra agentes que fraudavam documentos para o recebimento do DPVAT e 17 pessoas foram presas, entre elas oito policiais civis.
A Operação Assepsia investigou a participação de envolvidos em esquema fraudulento para o recebimento do valor pago pelo seguro de trânsito de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de ViasTerrestres , o DPVAT. Foram cumpridos mais de 20 mandatos de prisão preventiva, 12 contra policiais civis, e outros de busca de apreensão em cidades do Rio de Janeiro como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Teresópolis.
Segundo a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, um delegado da 71ª DP (Itaboraí), comunicou a existência de um laudo que havia chegado à distrital fluminense vindo do Posto Regional de Polícia Técnica e Científica (PRPTC) de Duque de Caxias. “O delegado me comunicou pelo exame ter sido realizado por um PRPTC que não atendia a área dele e por ele não ter solicitado o exame. Encaminhei o procedimento para a Coinpol e, nesse período, recebi uma ligação anônima no meu gabinete, informando que havia uma fraude sendo realizada no IML de Duque de Caxias, inclusive dando nomes dos servidores”, explicou Martha Rocha.
As fraudes aconteciam da seguinte maneira: um policial,  que ficava responsável pela requisição para o exame médico para a perícia, encaminhava as vítimas para o IML local. O núcleo de peritos e auxiliares de necropsia produzia os laudos fraudulentos, que por sua vez forneciam informações para a Seguradora Líder, responsável pelo pagamento do DPVAT. Já o núcleo jurídico, integrado por funcionários de um escritório de advocacia, ficava responsável por captarem vítimas, oferecendo agilidade no processo de recebimento do seguro, cobrando 30% do valor recebido em troca, contou o delegado da Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol), Glaudiston Galeano.
Ainda segundo a Corregedoria, durante as investigações, iniciadas no ano passado, foram apreendidos mais de 400 laudos, todos realizados no PRPTC de Duque de Caxias, que seriam usados pelos criminosos para cometerem a fraude e depois distribuídos para delegacias coniventes com o estelionato. Com base nos exames, foram identificadas centenas de vítimas e, segundo estimativas iniciais, o prejuízo aos cofres públicos seria superior a R$ 1 milhão, no período de 2009 a 2011.
Ainda sobre como aconteciam as fraudes, há ainda a suspeita de que peritos manipulavam os exames e diagnosticavam os pacientes com debilidade permanente ou doença incurável. Dessa forma, o valor pago pelo seguro é maior, chegando a até R$ 13.500 em algumas situações para o segurado fraudador. A Corregedoria da Civil explica ainda que o dinheiro do seguro não é pago ao advogado e sim diretamente à vítima. Para agir dessa maneira, a quadrilha tinha comparsas dentro de bancos, que nessas investigações apontam fraude na 59ª DP (Duque de Caxias) e agências bancárias da região. Os funcionários de bancos ficavam responsáveis pela abertura de conta das vítimas, fornecendo dados bancários para os criminosos e também documentos.
Durante a operação de quinta-feira, policiais realizam buscas nas residências dos investigados e em seus locais de trabalho. Escritórios de advocacia, a própria 59ª DP, o Posto Regional de Polícia Técnica e Científica do município e o 7º BPM (São Gonçalo) foram vistoriados em busca de indícios ou provas que confirmem a fraude do DPVAT. Documentos, planilhas, computadores, armas de fogo e veículos usados pela quadrilha foram apreendidos. Perguntada sobre os supostos envolvimentos da Delegacia de Itaboraí e do Batalhão da PM de São Gonçalo, a Polícia Civil preferiu não se pronunciar sobre a possível prisão de policiais e nem qual era a participação dos agentes suspeitos junto com o esquema fraudulento vindo da DP de Caxias.


Os presos foram:
1-José Edson Teixeira Alves, auxiliar de necropsia
2-José Henrique Dias da Silva, perito legista
3-Paulo Roberto Calzavara Cazarim, perito legista
4-José Nunes da Silva Neto, policial da 59ª DP
5-Edilson Fagundes Costa, policial da 59ª DP
6-Maria Helena Gomes Dantas, policial da 59ª DP
7-Roberto Gomes Santana, policial da 59ª DP
8-Marcelo Correa Carneiro, funcionário do escritório de advocacia
9-Charles Rubin de Souza, funcionário do escritório de advocacia
10-Hamilton Gomes da Cunha, estagiário de Direito
11-Leandro Rodrigues Mendonça, advogado
12-Marcelo Pinheiro Ramos, funcionário do escritório de advocacia
13-Gesiel Mendonça Aragão, policial 59ª DP
14-Sandra Regina Cardoso Braga, chefe IML de Duque de Caxias
15-Alexandre Luiz Braga Salgado, filho da Sandra
16-Uriel Nobre da Silva Filho, policial 110ª DP (Teresópolis)
17 - Everton Rubim Lins, funcionário escritório de advocacia

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