sexta-feira, 11 de janeiro de 2013


Moradores do bairro Caleme, em Teresópolis, RJ, lembram de tragédia

Pessoas reclamam do abandono com bairro que foi um dos mais atingidos.
Entre histórias tristes, gente vive no cenário da maior tragédia natural do Brasil.





''Tive que reconstruir a casa dos meus pais, a minha casa. Tive que reconstruir a vida da minha família, a minha vida.'' Messias Carvalho, de 53 anos, há dois anos não imaginava que um dia teria que começar tudo do zero. Morador do bairro Caleme, em Teresópolis, Região Serrana do Rio de janeiro, Messias perdeu 12 pessoas entre amigos e parentes na tragédia do dia 12 de janeiro de 2011. As casas dele e dos pais foram levadas pela enxurrada que devastou o Caleme, um dos bairros mais atingidos pela chuva na cidade. 
bairro caleme em teresopolis (Foto: Heitor Moreira/G1)
Quem passa hoje pelo bairro, observa que moradores que tiveram praticamente tudo arrancado pela chuva, acharam uma forma de recomeçar, de continuar a viver.  Atitude que teve que ser tomada mesmo diante de tantas dificuldades e abandono, como relata a moradora Amanda de Sá.
No dia 20 de janeiro de 2011, a casa onde ela morava com o marido e mais três filhos foi interditada pela Defesa Civil da cidade, relógios de luz foram retirados do local. Segundo ela, como havia ainda possibilidade de chuva forte, resolveram sair da residência, que fica nas margens do rio Triunfo. A nova casa, prometida pelo Governo Estadual, não ficou pronta e só 24 meses depois da tragédia, a dona de casa resolveu voltar pro bairro.
A Ampla informou que alguns pontos do bairro Caleme, em Teresópolis, ainda encontram-se interditados pela Defesa Civil. A concessionária esclarece que sem a autorização do órgão, não é possível realizar a instalação dos relógios.
'' Eu precisava de um lugar pra continuar a viver com a minha família. Estava morando na casa de um tio meu. Não posso ficar parada esperando casa nova. Aqui nessa parte do Caleme tá todo mundo sem relógio de luz. Arrancaram tudo e não colocaram mais. A gente já fez vários pedidos para Ampla vir aqui colocar tudo de novo, mas até agora nada.'' - disse Amanda.
jose almeida em teresopolis (Foto: Heitor Moreira/G1)Morador olha para local onde existia casa e relembra
do dia 12 de janeiro (Foto: Heitor Moreira)
José da Silva Redine, de 67 anos, lembra exatamente como foi a madrugada do dia 12. Segundo ele, com a intensidade da chuva era impossível dormir. Aos poucos as notícias de mortes foram chegando. José perdeu amigos, vizinhos que conversava todos os dias antes de ir trabalhar. Dois anos depois, ele mora no mesmo bairro e também sente que falta mais atenção para os locais que foram atingidos pela chuva.
'' Muito ruim a gente ficar esperando e nada acontece. Falam que vão indenizar quem perdeu casa, só que até agora nada. Olhando esse lugar, qualquer um percebe que pouca coisa mudou", disse o pedreiro.
rosas de dona maria em teresopolis (Foto: Heitor Moreira/G1)Rosas de Maria Almeida renasceram depois das
chuvas de 2011.  (Foto: Heitor Moreira)
Maria Almeida, de 62 anos, também viveu os momentos de desespero da madrugada. Mas mesmo depois de tanta destruição ela buscou inspiração para recomeçar das flores. As rosas que ela tinha no jardim foram levadas pela enxurrada. Em fevereiro de 2011, um mês depois da tragédia, as rosas renasceram.  A aposentada também recomeçou.
'' É difícil esquecer aquele dia, mas resolvi seguir em frente. Abri um comércio aqui no meu bairro e estou juntando dinheiro para comprar um casa nova.''
Segundo a Secretaria de Estado de Obras do Rio de Janeiro, imediatamente depois da tragédia R$70 milhões foram repassados pelo Governo Federal para serviços emergenciais. O investimento em obras de infraestrutura e construções dos imóveis para vítimas da chuva é de R$541,4 milhões. As casas serão entregues no segundo trimestre deste ano.
Dois anos depois da tragédia, pedras de morro do bairro Caleme correm risco de cair. Moradores já pediram obras no local, mas até agora nada foi feito.  (Foto: Heitor Moreira)

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