quinta-feira, 23 de maio de 2013


Água na Boca: os novos donos do pódio


Thomas e Claude Troisgros posam em frente ao Olympe: campeões na categoria Melhor Restaurante do GLOBO-Zona Sul
Thomas e Claude Troisgros posam em frente ao Olympe: campeões na categoria Melhor Restaurante do GLOBO-Zona Sul F

Talheres a postos. É chegada a hora de conhecer os vencedores da 17ª edição do Prêmio Água na Boca dos Jornais de Bairro. No Rio, outros nomes surgiram ao título de Melhor Restaurante na Zona Sul e Barra da Tijuca. O Antiquarius, 14 vezes campeão na Zona Sul, e Antiquarius Grill, cinco vezes na Barra, ficaram em segundo lugar entre os juradores, perdendo para o Olympe e Duo, respectivamente. Na Tijuca, o Otto conquistou pela terceira vez na categoria.
Neste sábado serão conhecidos os vencedores das cidades da região Serrana (Teresópolis, Friburgo e Petrópolis) e Niterói. No domingo os leitores da Zona Norte e Ilha do Governador conhecerão os melhores na opinião da juri do prêmio.

Na Zona Sul, a vez dos Troisgros

O espaço físico é o mesmo: uma casa na esquina das bucólicas ruas Frei Leandro e Custódio Serrão, no Jardim Botânico. Ali, Claude Troisgros decidiu abrir o restaurante Olympe, há três décadas. Nas últimas primaveras, porém, muita coisa mudou. A antiga pintura amarela foi retirada para deixar aparentes os tijolos originais do imóvel, cercado de árvores frondosas. No interior, a mesa 42 — espécie de amuleto de Claude, presente em todos os seus restaurantes — ocupa um canto destacado do salão climatizado, e o nome do filho Thomas Troisgros acompanha o dele na porta de entrada da cozinha. O cardápio ainda traz clássicos de Claude — como o crepe passion (panqueca suflê caramelizada com calda de maracujá), criado em 1982, e o ravióli recheado com mousseline de batata-baroa, pinoli e flor de sal — mas, também, experimentações de Thomas, oferecidas diariamente no Menu Confiance, elaborado de acordo com os produtos e a criatividade do chef. As técnicas francesas, os ingredientes brasileiros e a chegada da nova geração Troisgros são algumas das razões do restaurante ter superado a hegemonia do Antiquarius — campeão 14 vezes — e estreado no pódio da categoria “restaurante”, com três votos. Os Troisgros ainda levaram nos quesitos “chef” (Claude em primeiro e Thomas em terceiro) e “francês”.
— Fizemos a reforma para valorizar a chegada do Thomas. Ele trabalha comigo há cinco anos e imprimiu sua personalidade no cardápio do Olympe. Seu amadurecimento faz o restaurante ser bem falado. Nosso posicionamento familiar é outro aspecto positivo. Estou aqui há 30 anos, e o meu filho chega e continua essa saga. Nos últimos anos nós abrimos vários perfis de restaurantes e, agora, o Thomas está abrindo uma hamburgueria. Isso sem falar na localização. Esse ponto não era nada quando cheguei aqui e, hoje, abriga bons restaurantes — enumera Claude, demonstrando satisfação de ser lembrado pelos comensais.
Para manter a satisfação dos clientes, Claude salienta a importância da sua equipe:
— A maioria dos nossos funcionários está há muito anos comigo. O Leandro, chef da (CT) Boucherie, trabalha conosco há dez e é filho do Antônio, o meu primeiro empregado no Rio, hoje aposentado. Trabalhamos mais de 30 anos juntos. Somos uma empresa séria e familiar, e nossos funcionários são parte da família. Quando eles têm problemas, tentamos ajudar. Existe um apoio para que as pessoas cresçam aqui dentro, já mandamos alguns deles para estágios na França. Queremos que eles fiquem com a gente. É muita convivência, eu choro, eles choram.
Na Barra, Duo Restaurante abocanha o título
Uma vitória com sabor de massas frescas, risotos variados e carnes de primeira. Para acompanhar, um bom vinho — imprescindível numa casa italiana. Com dois anos e meio de vida, o Duo comemora seu primeiro título como o melhor restaurante no Prêmio Água na Boca 2013. Sob o comando dos sócios e amigos Nicola Giorgio e Dionísio Chaves, a casa virou referência em cozinha clássica italiana na Barra. Com uma fórmula que não tem segredos.
— Não existe milagre. São horas de trabalho incansável, paixão e vontade de fazer o melhor. Nossos pontos fortes são a comida de excelência e o material humano — explica Dionísio. — Para o cliente, vir até o Duo tem que ser uma experiência perfeita do primeiro ao último minuto.
Uma curiosidade que o duo de sócios percebeu é que muitos clientes criam uma espécie de apego aos pratos preferidos. E pedem sempre os mesmos, o que torna difícil fazer qualquer modificação no cardápio.
— Temos opções que são campeãs desde a abertura do restaurante, como o ravióli de cordeiro, o filé mignon com foie gras, o ravióli de burrata e a paleta de cordeiro. Eles não podem sair de jeito nenhum do menu — conta Dionísio.
Respeitado sommelier, ele é o responsável pela adega com quase 600 rótulos, um de seus xodós. A maior parte dos vinhos vem da Itália, obviamente. E é garimpada nas 20 regiões produtoras do país.
Os sócios contam que a aceitação da casa foi imediata.
— O público da Barra é excelente desenvolvedor de paladar. Eles gostam de experimentar e apresentam um amplo conhecimento gastronômico — diz Nicola.
Otto, o orgulho tijucano
Esquina da ruas Uruguai e Conde de Bonfim. O endereço, familiar aos tijucanos, ganhou mais visibilidade há nove anos com a inauguração do Otto. E o restaurante acabou se tornando, também, uma referência do bairro. O sucesso do cardápio germânico-brasileiro, da música ao vivo e dos festivais gastronômicos garantiram à casa, pela terceira vez, o título de campeão na principal categoria do prêmio Água na Boca do GLOBO-Tijuca.
Para o dono do restaurante, Ottmar Grunewald, o Otto, o espaço se consolidou graças a características muito próprias, como os festivais de caça, de palmito e de fondue, realizados todos os anos.
— Na época da inauguração, eu estava correndo riscos, mas acreditava no potencial do bairro para a gastronomia de qualidade. Moradores da Tijuca e de outros bairros aprovaram e, hoje, o Otto é um produto com o qual as pessoas se identificam — avalia o empresário.
Ao montar o cardápio, uma das preocupações era não limitar os pratos a um só tipo de cozinha. Por isso, há opções tipicamente alemãs, como chucrutes, e até indígenas, como o palmito assado na casca. O empresário se diverte ao se lembrar do comentário de um cliente, na época da inauguração do restaurante.
Já o ambiente foi todo pensado para dar um ar europeu à esquina da Tijuca. É do próprio restaurateur a concepção do espaço e toda a decoração, com pinho-de-riga. A referência europeia também está nos festivais de caça, em março, e de fondue, em junho e julho.
— Os festivais também são uma marca do Otto. O de caça, com animais de cativeiro da fauna brasileira, é inspirado na tradição da temporada de caça de Alemanha, Áustria e Suíça — afirma Otto.
Outra característica do restaurante é a música. A programação de shows recebe tanta atenção do empresário quanto o cardápio. Por conta desse perfil, a casa acaba de ganhar o reconhecimento da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), que entregou placa em homenagem ao trabalho de valorização da música ao longo desses nove anos.


Fonte:
Cibelle Brito,Marta Paes,Patricia de Paula - O Globo

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