Foto: Carlos Alberto Pereira / Agência O Dia
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Em Belo Horizonte
  Com uma carência de 7.291 vagas em seu precário sistema penitenciário, o Estado do Rio estuda a adoção de parceria com a iniciativa privada para solucionar o problema.

A saída deverá ser a construção de presídios particulares, como o que foi inaugurado em janeiro em Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte — o primeiro do Brasil erguido e mantido através de Parceria Público-Privada (PPP).

Há 20 outros apenas administrados por empresas. Em nota, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) admite que está analisando a relação custo-benefíciopara parcerias com consórcios empresariais.
A possível sociedade com o setor privado ganha força por causa da superlotação das 49 unidades prisionais do estado, onde hoje se encontram 25.354 presos, a maior parte em condições subumanas.

A Seap alega que a situação vem se agravando desde março de 2011, ‘depois que o sistema passou a receber presos oriundos de delegacias’. Confinado em presídios, cada detento representa gastos da ordem de aproximadamente R$ 1.300 por mês para os cofres públicos.

Em Belo Horizonte, cinco empresas (quatro de São Paulo e uma do Paraná), de diversos ramos, formam o consórcio Gestores Prisionais Associados (GPA), que venceu licitação do governo mineiro.

Além de construir, a associação tem concessão de 27 anos para administrar cinco complexos (três em regime fechado e dois semi-abertos). O primeiro, fechado, é de Ribeirão das Neves, com capacidade para 608 detentos. Quando todos estiverem prontos, abrigarão 3.040 condenados.

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Grades só abrem com comando de voz | Foto: Carlos Alberto Pereira 
Apesar das críticas de alguns especialistas no assunto, a Secretaria de Defesa Social mineira garante ter feito bom negócio, uma vez que o GPA investirá R$ 280 milhões no pioneiro contrato.

Em contrapartida, o estado pagará R$ 2.700 por interno, mas somente a partir do funcionamento dos cinco presídios, previsto para o início de 2014.

Ao estado, compete ainda a segurança extra-muro e o acompanhamento rigoroso da aplicação da Lei de Execução Penal (LEP).

O gestor privado terá que cumprir 380 indicadores de desempenho definidos pelo governo. Entre eles, metas para impedir fugas, motins ou rebeliões, além da garantia de 0% de ociosidade entre presos aptos ao trabalho, estudo e esporte.

Para o advogado Mário Ottoboni, criador da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apacs), também em Minas, esse tipo de parceria ‘só visa à exploração da mão de obra de presos’. “As Apacs têm alto nível de ressocialização, com menores despesas”, garante.

POR FRANCISCO EDSON ALVES