sábado, 22 de setembro de 2012


Ameaças naturais que rondam o estado



 Tornados na Baixada Fluminense, ciclone extratropical no Norte Fluminense, chuva de granizo na Região Serrana e enchentes na capital. Esses fenômenos, por mais incomuns, são perigos reais, juntamente com outros, a que o Estado do Rio está suscetível, de acordo com a Defesa Civil estadual. Com a ajuda da maioria das prefeituras, a Escola de Defesa Civil do Estado do Rio (Esdec) elaborou, no primeiro semestre deste ano, o “Mapa de Ameaças Naturais do Estado do Rio de Janeiro”, trabalho inédito no país que aponta as cinco principais de cada um dos 92 municípios fluminenses. Dos 19 riscos citados, o que mais se repete são os deslizamentos, que representam 18% de todas as ameaças somadas — 460 no total, considerando que o estudo identifica cinco para cada cidade.

Estudo é elogiado pela ONU
O problema ganha o primeiro lugar na cidade do Rio e em outras cinco regiões do estado, de acordo com a divisão utilizada pela pesquisa. São elas, além da capital, as regiões Metropolitana (excluindo a cidade do Rio), Sul, Serrana, Baixada Fluminense e Costa Verde. A Baixada Litorânea, que inclui a Região dos Lagos, tem como principal risco os alagamentos, enquanto Norte e Noroeste sofrem principalmente com as enchentes.
— O Norte e o Noroeste contam com apenas 1,5% de cobertura vegetal e sofrem o ano inteiro: no verão, com as enchentes; no inverno, com as estiagens — diz o tenente-coronel Paulo Renato Vaz, diretor da Esdec e autor da pesquisa que deu origem ao trabalho.
Na semana passada, o mapa foi selecionado pela ONU como uma das experiências mais significativas para a redução de riscos de desastres nas Américas e no Caribe. O trabalho vai concorrer entre as melhores práticas de defesa civil no continente. O resultado sai em outubro, na Argentina.
— É um mapa simples, porém abrangente e capaz de orientar as políticas públicas e os planos de contingência já para o próximo verão — diz o tenente-coronel, acrescentando que, a partir de outubro, a Esdec vai oferecer oficinas para estimular as prefeituras a elaborarem seus planos de contingência. — Os municípios devem não só divulgar o trabalho, como aprofundá-lo, criando seus próprios mapas, protocolos de prevenção e sistemas de alarmes, e fazendo exercícios simulados dos planos de contingência.
Depois de deslizamentos, as enchentes são a ameaça que mais prevalece no estado, com 15,4% do total. Em seguida vêm alagamentos (14,6%), enxurradas (13%), incêndios florestais (10,2%), vendavais ou tempestades (8,7%) e estiagens (6,5%). Há ainda outros 12 riscos citados, sendo que alguns chamam a atenção pela violência ou por serem mais comuns no noticiário internacional, como os tornados, que entraram no mapa de Magé, Nova Iguaçu e Seropédica como o quarto maior perigo.
O coronel Acácio Perez, secretário de Defesa Civil de Nova Iguaçu, lembra que a cidade registrou a passagem de um tornado em janeiro do ano passado. Vários bairros foram atingidos. Pela fúria do fenômeno, que arrancou do chão sete casas e destruiu parcialmente outras, acabou sendo incluído no mapa:
— Em 43 anos de Corpo de Bombeiros, nunca tinha visto um tornado, e nem sabia o que era direito. Ele vinha do céu e descia igual a um pião, com sua ponta puxando tudo. Levantou a uns 20 metros uma vaca, que depois caiu, quebrando as pernas — lembra o coronel, acrescentando que não houve mortes.
Paulo Vaz demonstra preocupação com a prevalência dos deslizamentos, gerados pela ocupação caótica das encostas, e das enchentes, causadas pela inexistência de rede de drenagem suficiente e também por sua obstrução.
Das 92 prefeituras, 12 não colaboraram com a pesquisa, sendo sete da Região Serrana, onde enxurradas provocaram, em janeiro do ano passado, a maior catástrofe natural da história do país. Teresópolis, uma das cidades mais atingidas, por exemplo, não enviou o ranking de ameaças. Para essas cidades, a Defesa Civil estadual estabeleceu os riscos.
As áreas com ameaça de deslizamentos na cidade do Rio fazem parte de um mapa geológico elaborado pela prefeitura, que identificou 18 mil moradias em situação de alto risco, localizadas em 117 comunidades. Desse total, 103 contam com sistemas de alarme por sirenes, instalados a partir de 2011. O coronel Márcio Motta, subsecretário municipal de Defesa Civil, afirma que todas as comunidades passaram por exercícios simulados de desocupação dos locais. O próximo está marcado para outubro, em área ainda a ser definida. O certo é que será realizado às 19h, horário em que geralmente ocorrem as pancadas de chuva no verão.


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