domingo, 22 de setembro de 2013

Moradores da Serra vivem na ‘estação das flores’ o ano todo


Região tem o maior número de floricultores do estado; um mercado que, em 2012, movimentou R$ 470 milhões

A primavera começa neste domingo, mas existem lugares na Serra em que as pessoas vivem cercadas de flores durante todas as estações do ano. São floricultores responsáveis pela maior produção do segmento no estado. Um mercado que, em 2012, movimentou R$ 470 milhões — um crescimento de 63% em relação ao ano anterior.


Em Nova Friburgo, a cidade com a maior produção, o cultivo se concentra na região de Vargem Alta, onde vivem muitas famílias de imigrantes alemães. Lá, a profissão de floricultor passa de pai para filho. Um exemplo é o de Abel Barroso Freire, que começou no ramo há cerca de dez anos e hoje trabalha ao lado do filho, Lucas, na sua produção de bromélias, tangos e acácias.
— Não é um trabalho que dê grandes lucros, mas lidar com as flores diariamente é muito especial. Não tem preço — diz Abel, que tira, em média, R$ 2 mil de lucro por mês.
Assim como muitos moradores da região, o floricultor Carlos Alexandre Heckert começou a trabalhar cedo com flores e teve que abandonar os estudos para se dedicar à profissão. Ele tem uma pequena empresa ao lado dos três irmãos e do pai, e diz que não se arrepende do caminho que seguiu:
— Trabalhar com flores tem seus altos e baixos, mas vale a pena. Elas são lindas e sempre levam a felicidade para quem as compra.
Seu pai, Dirceu Heckert, ressalta que as condições de trabalho melhoraram muito desde que ele começou, 40 anos atrás.
— Antigamente, não tinha energia elétrica, e a estrada era ruim. Com isso, não conseguíamos conservar a produção por muito tempo. Com esses benefícios, consegui ampliar o meu negócio — conta ele.
A maior parte das flores colhidas na região é vendida no Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara (Cadeg), no Rio de Janeiro, e por isso é necessário que se tenha uma estrutura de conservação desde a colheita até a venda. E, quem pensa que a atividade é restrita aos homens, engana-se. Cada vez mais as mulheres estão inseridas neste mercado. De acordo com a Secretaria de Agricultura do Estado, elas já representam 40% da mão de obra do setor no estado.
Já quando o assunto são as orquídeas, Teresópolis é uma referência. Lá, fica o orquidário Aranda, que atrai orquidófilos de todo o país. São mais de cem espécies vendidas por preços que variam de R$ 12 a R$ 1.500.
Gerente de negócios do orquidário há dez anos, André Almeida afirma que trabalhar com a planta é diferente de trabalhar com qualquer outra espécie.
— A orquídea tem uma aparência exótica, além de florescer todos os anos. Se a pessoa cuidar, não perde tão cedo — diz ele.
Uma vida dedicada a orquídeas e bromélias
O floricultor Roberto da Silva Pinto é uma figura conhecida em Itaipava. Há 45 anos ele trabalha com orquídeas e bromélias. Boa parte desse período, esteve vendendo a produção com a sua Kombi aos sábados e domingos, das 8h às 13h, às margens da Estrada União e Indústria, próximo ao número 11.700.
— Comecei muito novo, por necessidade, e acabei pegando gosto pela coisa. Virou uma paixão — diz Pinto.
Ele conta que, durante muito tempo, trabalhou como funcionário de um orquidário do distrito, mas, recentemente, tornou-se autônomo. A maior parte de sua produção é de cultivo próprio, num pequeno orquidário e bromeliário que montou em sua casa. Mas ele também faz a revenda de espécies.
— Tenho clientes que vêm do Rio e até de Belo Horizonte só para comprar as minhas plantas — conta ele.
Apesar disso, Pinto garante que o lucro das vendas é pequeno. Por isso, considera a atividade quase um hobby. A maior parte da sua renda vem do serviço de manutenção de jardins.
— A minha margem de lucro garante apenas que eu me mantenha no ramo sem ter prejuízo. Faço isso porque gosto. As pessoas me procuraram, e não posso deixá-las na mão — diz.
Ele ressalta que o valor das plantas caiu muito com o passar dos anos, por conta do crescimento da concorrência e a popularização de outras espécies. Ele vende espécies com valores que variam de R$ 15 a R$ 90.


Fonte: O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário