sábado, 4 de maio de 2013


Falta de fralda e vergonha


Farmácia Popular de Petrópolis está há meio ano sem o produto, para sofrimento de portadores de deficiência



Portadores de deficiência recolhem assinaturas e pedem retomadaEDUARDO NADDAR / FOTOS DE EDUARDO NADDAR

Portadores de deficiência recolhem assinaturas e pedem retomada
Foto: Eduardo Naddar / Fotos de Eduardo NaddarCriada para que qualquer cidadão tenha condições de comprar produtos de saúde a preço de custo, a Farmácia Popular do Centro de Petrópolis vem remando contra seu propósito inicial. Segundo a Associação Pró-Deficiente do município, há pelo menos seis meses a unidade mantida pelo governo estadual não dispõe de fraldas.
— A Farmácia Popular de Petrópolis também atende moradores de Areal e de São José do Rio Preto. São centenas de pessoas que precisam de fraldas. Antigamente, davam uma quantidade mínima e o atendimento era precário. Hoje, nem isso temos. Para piorar, os funcionários orientam o cidadão a ligar para um telefone que simplesmente não funciona. É uma situação humilhante — reclama o presidente da associação, Marcelo Silveira, que tem organizado diversas manifestações para chamar a atenção do governo estadual.
A coordenadora técnica da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Cristiane Rodrigues, afirma que 70% das 120 pessoas atendidas pela instituição precisam usar fraldas. E 30% delas dependem, exclusivamente, do fornecimento da Farmácia Popular de Petrópolis. É o caso da dona de casa Damiana de Oliveira. Sua filha de 14 anos precisa de seis unidades diariamente.
— Não tenho condição de gastar R$ 200 por mês com fraldas, então improviso com blusas. É horrível. Dá assadura, fere a pele. Alguém tem de fazer algo — apela.
Mãe de Nicolas, um menino de 2 anos com hidrocefalia, a dona de casa Tatiana Dias Vicente ainda enfrenta um outro problema na farmácia: a falta de gaze.
— Meu filho não consegue urinar e precisa usar sonda de quatro em quatro horas. Para fazer o procedimento, utilizo 360 pacotes de gaze por mês, mas há um ano não encontro o produto na Farmácia Popular. Gasto no mínimo R$ 300 por mês, comprando produtos de marcas mais baratas. Nicolas tem um problema e não pode usar fralda de pano. São mais ou menos 750 unidades por mês. Não posso trabalhar porque cuido dele e não tenho condições financeiras — lamenta Tatiana.
O Instituto Vital Brazil, que administra as farmácias populares do estado, informa que um novo lote de fraldas chegará à unidade de Petrópolis na próxima semana. O órgão afirma que vem fazendo estudos para tentar viabilizar alternativas de compra de fraldas. Por lei, hoje, a licitação é a única forma de abastecimento e só permite um fornecedor para fraldas tamanho M e um para G. Ambos ganharam a licitação por oferecerem o menor preço.
O instituto também informa que a procura por fraldas nas farmácias populares cresceu consideravelmente no período de um ano: de janeiro a junho de 2012, o número de usuários correspondeu ao mesmo verificado durante todo 2011. A última entrega em Petrópolis, diz o Vital Brazil, foi realizada em março. Em 2013, as farmácias populares receberam cerca de um milhão de fraldas.


NATASHA MAZZACARO

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