...mas o clima na Câmara de Vereadores parece ser de festa permanente
O caos que toma conta do município de São João de Meriti, afetando
principalmente os servidores e os serviços básicos, parece nada
representar para os vereadores da cidade. Embora o Ministério Público já
tenha tomado providências, instaurando inquérito e acionando a Justiça,
os "representantes do povo" limitaram-se a um pedido de informações
sobre o atraso no pagamento dos salários do funcionalismo e descartam
qualquer iniciativa mais firme. Se os servidores acumulam dívidas e
estão diante do pior fim de ano de suas vidas, os vereadores parecem
viver em outra cidade, em um lugar sem problemas de qualquer natureza.
Ainda em clima de festa pela recente eleição para o cargo de presidente
da Câmara Municipal, o vereador Carlos Alberto Rodrigues, o Bebeto
(PHS), se mostra mais preocupado em agradar ao prefeito Sandro Matos
(PDT), que em procurar saber o que de verdade está acontecendo no
município, apurando os fatos e as responsabilidades.
Os problemas financeiros dos servidores se agravam a cada dia. Eles
devem receber o salário de novembro na próxima semana, mas a maioria
ainda não viu os contra cheques de agosto e setembro. Muitos
funcionários já devem três meses de aluguel e temem pelo despejo. Há
casos também de ameaça de prisão por falta de pagamento de pensão
alimentícia e de aposentados que tiveram o estado de saúde agravado pela
falta dinheiro, mas isso não é o suficiente para sensibilizar os
vereadores que, em plena crise, optaram por fazer turismo no litoral
paraibano, sob a justificativa de um curso, um passeio que custou caro
aos contribuintes.
Se os servidores da Prefeitura padecem um calvário a cada dia, os
vereadores e seus assessores não tem do que se queixar, pois o duodécimo
da Câmara, repasse constitucional, é feito sem atraso pelo prefeito
Sandro Matos, que conta com o apoio da maioria absoluta. "Os vereadores
não questionam de forma contundente porque não estão sendo afetados em
nada. Queria ver a reação deles se os repasses não estivessem sendo
feitos regularmente. A situação está insustentável e eles não esboçam a
mínima reação contra esse caos", diz um servidor com mais de 20 anos de
serviço e que não sabe mais o que dizer ao dono da casa de quarto, sala e
cozinha na qual mora com a mulher e um casal de filhos no bairro Venda
Velha.
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