Estudo feito por dermatologistas mostra que familiares consideram que uso do produto é desnecessário em dias nublados ou fora do período do verão
Proteção solar: 32% dos pais dizem que só começam a passar o produto nos filhos após os três anos de idade
(Thinkstock)
Cerca de um terço dos pais de crianças não aplica protetor solar de
forma correta em seus filhos: essa parcela acredita que o uso produto é
necessário apenas na praia ou em dias de verão. É o que mostra um
estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia de São Paulo
com mais de 800 pais e 150 educadores de todo o país.
De acordo com o estudo, 38% dos entrevistados acham que o a proteção
solar é desnecessária em dias nublados ou em outras estações do ano que
não o verão. No entanto, dermatologistas afirmam que a criança deve se
proteger do sol, usando bloqueadores solares, chapéus e ficando na
sombra, por exemplo, durante o ano todo.
Uso correto — “O ideal é que, após os seis meses de
vida, a criança utilize protetor solar com fator de proteção de raios
UVB de no mínimo 30 e com bloqueadores dos raios UVA, que estão
presentes mesmo em dias nublados”, diz Paulo Criado, presidente da
Sociedade Brasileira de Dermatologia de São Paulo e dermatologista do
Hospital das Clínicas da USP. Segundo ele, antes disso, o bebê não deve
ser exposto ao sol porque sua pele ainda é muito sensível, havendo
risco de queimaduras.
O médico explica que, ao adulto aplicar protetor solar em uma
criança, ele deve usar uma quantidade que cubra a palma de sua mão para
conseguir proteger todo o corpo da criança. Além disso, a aplicação do
produto deve ser feita pelo menos meia hora antes da exposição solar e
repetida no primeiro momento de contato com o sol, a cada duas horas e
também caso a criança transpire ou entre na água.
Segundo a pesquisa, uma das principais afetadas pela desproteção
solar são as crianças com menos de três anos, já que 32% dos pais
afirmaram que só passam a aplicar protetor solar em seus filhos a partir
dessa idade. Além disso, 15% consideram que crianças de até dois anos
não precisam usar o produto. “O dado é preocupante porque quanto mais a
criança se expõe, maior o risco de câncer de pele no futuro”, diz Paulo
Criado.
Câncer de pele — De acordo com o dermatologista, não
proteger crianças contra a exposição ao sol pode ser um fator
desencadeador de câncer de pele na vida adulta. O Instituto Nacional de
Câncer (INCA) calcula que a doença representa 25% de todos os tumores
malignos diagnosticados entre brasileiros. “O câncer de pele,
principalmente o melanoma, é semeado na infância. O dano que a radiação
solar faz às células é acumulativo ao longo do tempo. Por exemplo, uma
queimadura solar com bolha em uma criança dobra o risco de ela ter
melanoma na vida adulta”, diz Criado.
Desprotegidos — O estudo dos dermatologistas ainda
mostrou que mais da metade dos pais (58%) de crianças sabe que a falta
de proteção solar na infância aumenta o risco de câncer de pele. Mesmo
assim, 11% não passam protetor solar nos filhos – principalmente porque
se esquecem (42%), acham o produto caro (32%) ou então não consideram
que isso seja importante (15%). Além disso, a maioria dos pais que
passam o produto nas crianças não o reaplica quando necessário.
O estudo também mostrou que os erros dos pais na hora de proteger
crianças contra o sol se repetem entre os educadores. Embora a maioria
(57%) dos professores entrevistados saiba que a desproteção solar na
infância eleva o risco de câncer, metade deles deixa os seus alunos
expostas ao sol no horário em que a radiação é mais intensa, entre as 10
e 15 horas.
Campanha — Segundo o dermatologista, é importante
que pais e educadores ensinem a importância da proteção para as
crianças. “É na infância que você consegue fixar mais esses
ensinamentos. Por isso, a aprendizagem no colégio é fundamental. Mudando
o hábito da criança, é provável que se mude, também, os hábitos de
família”, diz.
A pesquisa da Sociedade Brasileira de Dermatologia de São Paulo foi
publicada junto com a divulgação da nova campanha da entidade, “Sol,
amigo da infância – pele protegida para toda a vida”. Em uma das ações,
dermatologistas farão campanhas em escolas de todo país sobre o tema.
Fonte: Revista veja
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