Em seu segundo mandato, a partir de janeiro de 2015, a presidente
reeleita ficará ainda mais dependente dos partidos que compõem sua base
aliada desde 2010, em especial o PMDB, e das novas legendas que ganharam
cadeiras na nova composição do Congresso Nacional.
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O PT continuará com a maior bancada na Casa, mas com 18 deputados a menos do que hoje / Agência Câmara | Saulo Cruz/Arquivo |
Dilma também terá dificuldades, por conta do perfil mais conservador
do “novo Legislativo”, para conseguir fazer avançar as reformas
esperadas, com destaque para a política, e ainda colocar em prática boa
parte das promessas feitas na campanha eleitoral.
Na Câmara, o PT ainda será a maior bancada, mas passará de 88
parlamentares para 70. Além disso, a aliança de centro-esquerda mantida
pelo Palácio do Planalto desde 2002 foi diluída com a saída do PSB da
base aliada. A legenda provavelmente segue para a oposição, com 34
cadeiras. Para construir sua maioria, a presidente terá que atender as
exigências de legendas como PROS, PRB, PR, PP e PSD, do ex-prefeito
Gilberto Kassab. Juntos, esses partidos somam 107 votos na Câmara, o que
pode definir a votação de um projeto de interesse do governo.
Essa nova composição do Congresso deve levar o governo Dilma a se aproximar ainda mais de legendas de direita.
Além disso, os líderes desses partidos devem cobrar um preço alto –
cargos em estatais e ministérios– para manter a fidelidade nos próximos
quatro anos. Esse quadro deve inviabilizar a prometida reforma na
estrutura da União, com redução de ministérios e cargos comissionados.
No Senado, a dependência da base aliada será ainda maior. O PMDB segue como maior partido da Casa com 18 cadeiras, o PT terá 12.
Bancada do PMDB
O apoio integral dos 66 deputados eleitos pelo PMDB também
deverá ser negociado, já que o segundo maior partido da Casa ficou
dividido entre Dilma e Aécio durante a eleição. O racha ficou evidente
na convenção da legenda, em que 42% foram contrários à aliança.
Líderes petistas, no entanto, dizem que as relações com o Congresso a
partir do ano que vem não serão muito diferentes do que o praticado
nestes quatro anos. O líder do governo, deputado Henrique Fontana
(PT-RS), afirmou que as mudanças só virão se for aprovada uma reforma
política.
“As relações vão continuar sendo muito semelhantes às de hoje, temos
um sistema político que precisa ser alterado, que está gerando uma
pulverização muito grande de partidos, o que dificulta a governabilidade
de qualquer presidente”, disse Fontana.
Dilma terá de lidar com 28 partidos com representação na Câmara, 6 a mais do que hoje.
O deputado Afonso Florence (BA), que é vice-líder do PT, explicou que
os partidos da base nunca se comportam da mesma forma diante de cada
tema e que o governo vai ter de continuar negociando assunto por assunto
com cada partido, como já faz hoje. “Nada se repete na vida tal qual
aconteceu antes, mas a orientação política geral do governo não deve
mudar. É da natureza da democracia que, a cada tema controverso, haja
necessidade de muita conversa”, disse.
Petrobras
Para a oposição, o segundo mandato da presidente terá muita turbulência.
O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), afirmou que vai insistir
nas investigações de escândalos envolvendo o governo federal, como é o
caso da Petrobras. “Haverá tumulto político geral tendo em vista esse
quadro de contaminação do governo com os escândalos da Petrobras. A
comissão parlamentar de inquérito terá de ser retomada na próxima
legislatura, inclusive com possíveis processos de quebra de decoro
parlamentar contra parlamentares envolvidos”, disse o líder
oposicionista.
A CPMI da Petrobras tem funcionamento garantido até 23 de novembro.
Para continuar as investigações, será necessário um novo pedido de
investigação, com o apoio de 1/3 da Câmara e 1/3 do Senado.
Os partidos que estavam na chapa de Aécio Neves (PSDB, PMN, PSD, DEM,
PEN, PTN, PTB, PTC e PTdoB) elegeram 130 deputados. O PSDB será o maior
partido de oposição, com 54 deputados – 10 a mais do que a bancada
atual.
PPS e PSB, que apoiaram a candidata Marina Silva, negociam uma fusão
entre as duas legendas. Juntos, os dois partidos teriam 44
representantes na Câmara.
Fonte: Metro e band.com.br