Depois de 29 anos de sofrimento e
incertezas, a “novela” que protagonizam moradores da comunidade agrícola do
Bonfim, em Petrópolis, pode finalmente ganhar um desfecho feliz. O Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) está elaborando um
projeto para retirar dos limites do Parque Nacional da Serra dos Órgãos
(Parnaso) uma área rural de 210 hectares, onde vivem cem famílias.
O
projeto tenta corrigir um erro surgido em 1984, quando um decreto delimitou a
área do parque, incluindo a comunidade em APA, onde, por lei, não pode haver
habitação ou plantações.
Para
a chefe substituta do parque, Ana Elisa Bacellar Schittini, é difícil estipular
prazos, mas ela acredita que, até o fim do ano, o projeto deverá ser
encaminhado ao Ministério do Meio Ambiente. De lá, a proposta será enviada ao
Congresso Nacional.
—
Enquanto o processo corre, os moradores assinarão um termo de conduta, e vamos
flexibilizar as regras para que a gente tenha uma convivência mais harmoniosa —
explica.
Ana
Elisa lembra que o parque foi criado em 1939, onde existia a fazenda Bonfim.
Quando a propriedade entrou em decadência, por volta de 1950, vários
funcionários continuaram morando na região:
—
O grande problema é que criaram o parque, em 1939, sem delimitar seu
território. Quando o fizeram, em 1984, a comunidade agrícola foi indevidamente
incluída na área. Isso foi um equívoco.
As
boas notícias trazem alívio as moradores do Bonfim.
—
Minha família chegou aqui há mais de 50 anos, e, hoje, mais de 20 parentes
vivem da plantação de legumes e de flores. É a nossa única fonte de
subsistência. Ficamos receosos quando começaram a surgir os rumores, e nos
sentimos injustiçados. Aqui, ninguém mais desmata — lembra a agricultora Ana
Cristina Pimenta Coelho, que vende cerca de mil molhos de flores por mês.
A
produtora rural Maria das Graças Silva, que planta diversos tipos de verduras
há mais de 50 anos, concorda:
—
Moro aqui com sete pessoas da minha família. A gente vive com medo, mas espero
que essa medida nos traga mais segurança.
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