Lucro de pedágios do Rio é de R$ 1 milhão por dia
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O excesso de veículos e a timidez dos investimentos foram a chave para empurrar ladeira acima os ganhos com a privatização das rodovias. Uma média dos últimos quatro anos mostra que as empresas lucram R$ 1 milhão por dia dos R$ 4,5 milhões arrecadados com a cobrança de pedágio. Um caminhão de dinheiro limpinho de todas as despesas.
No ranking das concessionárias com maior apetite, a Nova Dutra sai na frente. Responsável pelos 402 quilômetros de pistas entre Rio e São Paulo, ela embolsa por dia R$ 488 mil — R$ 20 mil por hora. O montante corresponde a 20% do total arrecadado nas seis praças de pedágio da rodovia — R$ 2,4 milhões por dia.
BOA RENTABILIDADE
A receita turbinada das concessionárias bota na poeira até o potente Produto Interno Bruto chinês. Juntas, as oito concessionárias arrecadaram em dois anos R$ 3,8 bilhões e com crescimento, no período, entre 12% e 17% — o PIB brasileiro foi de 1,27%.
Dinheiro, que além de ser suficiente para concluir todas as obras e eliminar boa parte dos gargalos das estradas do Rio, foi impulsionado por mais carros nas ruas, menos estradas e reajuste do pedágio sempre acima da inflação. Se a frota no Rio aumentou 90% nos últimos dez anos, a abertura de rodovias ficou no meio do caminho: o número de quilômetros construídos cresceu menos de 30%, a maioria longe do Grande Rio.
O pedágio é o combustível que faz decolar o balanço das concessionárias. Em cinco anos, os reajustes chegaram a 80%. É o caso da Concessionária Rio-Teresópolis (CRT). Em 2007, cobrava R$ 6,80 e, hoje, os motoristas que cruzam seus guichês desembolsam R$ 12,20. A CCR Ponte, que administra os 13 quilômetros da Rio-Niterói, viu seus preços subirem 40% no período, saltando de R$ 3,50 para R$ 4,90.
Na cola aparecem a administradora da Linha Amarela (37% de aumento) e da Rodovia Presidente Dutra (30% a mais). As concessionárias têm um aditivo lucrativo: áreas de domínio, espaços às margens das rodovias por onde passam cabos de fibra ótica, com clientela cativa de operadoras de telefonia.
A velocidade excessiva dos reajustes do pedágio, acertado com a Agência Nacional de Transportes Terrestres, chamou a atenção, ano passado, dos técnicos do Tribunal de Contas da União. Na análise dos contratos, enxergaram que os lucros estão a quilômetros de distância do justo para uma prestadora de serviço público.
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